21 março 2017

A Carne e a Estratégia – Reflexões entre os Indicadores e a Estratégia

Tantos temas apareceram essa semana na minha cabeça perturbada e anacrônica e fiquei até agora sem saber sobre o que falar. Empreendedorismo, estratégia, crise (Talento – leia coluna anterior), marketing, pessoas. São tantos assuntos palpitantes.

Mas a crise da carne me tocou. E olha que definitivamente não sou carnívoro.

Vamos ao que interessa. Já há alguns dias estamos sendo bombardeados por notícias relacionadas à operação Carne Fraca. Uma verdadeira guerra na caça aos culpados. E realmente os fatos apresentados são muito graves.

Então, eu como um velho prof. de Estratégia e um apaixonado pelo tema começo a pensar. Duvido que essas empresas tenham traçado isso como estratégia. São empresas que tratam o seu futuro de maneira muito correta. Baseadas em análises de mercado, dados, pesquisas, simulações, definições de público-alvo, reuniões intermináveis tentando traçar a estratégia de negócio de suas Unidades Estratégicas.

De quem é a culpa então, são milhões de reais investidos nesses negócios.  Empregos comprometidos, consumidores com medo (e com toda razão).

Algumas empresas, principalmente as maiores tem adotado a Gestão Estratégia baseada em indicadores e ela é realmente uma excelente alternativa de gestão. Indicadores mostram e apontam tendências, tendências essas normalmente atreladas a metas. Algumas metas extremamente ousadas. 

Esse tipo de gestão faz com que todos os membros das filiais ou unidades corram desesperadamente para atingir a meta na data prevista.

A falta de ética é a resposta para essa busca por culpados. E não os indicadores. Entretanto as organizações devem primar pela ética acima de tudo. E não atingir indicador por indicador. Em Gestão estamos muito atrelados aos resultados, mas os fins não justificam os meios. Respeito ao ser humano deve estar acima de tudo.

A falta de alinhamento entre a estratégia organizacional está atrelada às ações desses gestores irresponsáveis. É preciso que tenhamos em mente os valores da empresa em que trabalhamos. Vestir a camisa, como velho jargão, não é tão simples assim, é preciso viver a missão, a visão e os valores da empresa.

Respeito é o que os consumidores precisam e esse respeito deve ser trabalho em todos os níveis hierárquicos, mesmo quando cobramos metas e indicadores. Nós enquanto gestores devemos sempre lembrar aos nossos pares que honestidade é e deve ser o foco de toda e qualquer empresa que busca reconhecimento e sucesso.

De nada adianta atingirmos lucro pelo lucro, deixando nossas bases vulneráveis. E agora?

Agora todo o trabalho de pessoas sérias que compõem essas empresas investigadas está sendo questionado, por causa das ações de um grupo investigado. Como recuperar o tempo e o dinheiro perdido e investido. Ações de marketing? Talvez, reputação não se recupera assim tão fácil.


A Imagem organizacional dessas empresas está totalmente destruída. Então meus amigos, ao adotarmos estrategicamente a Gestão por Indicadores, devemos também mostrar aos nossos colaboradores que não adianta atingirmos esses números se não tivermos respeito aos seres humanos. 


Luciano Dias – 41 anos, administrador, mestre em Cultura e Turismo pela UESC, coordenador dos cursos de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, Logística e Redes de Computadores. Docente de diversas especializações atuando com temas de Gestão de Pessoas, Liderança, Estratégia Empresarial, Logística e Docência Superior.